Por Aline Ferraro do Green Science Times | 23 de abril de 2022

Muito além de ofertar fitoterápicos e medicamentos potentes está o Cânhamo, o mesmo que Cannabis, só que em espanhol. Trata-se de uma variedade de planta Cannabis sativa subsp, da variedade L. Um espigão que lembra muito o formato da cana-de-açúcar, e produz baixo teor do composto químico e psicoativo THC (Tetrahidrocanabinol).

Quando não feminizada, a planta produz um caule fibroso, utilizado na produção de papel, tecidos, madeira, compostos plásticos biodegradáveis, materiais para construção, energia e até biocombustível.

O mais fascinante no Cânhamo que ele está retornando aos mercados globais, e tem capacidade de gerar uma economia para os setores da genética, agronegócios, agroindústrias, logística e comércio internacional mais de USD 320 bilhões, até o ano 2030, se continuar a crescer no ritmo que se encontram legislações em mais de 90 países.

A França produz 70% de todo Cânhamo que se utiliza na União Europeia. Ainda esse bloco econômico, segue a Holanda (10%) e Áustria (4%). Mudando de continente, nas América são os Estados Unidos que detêm mais de 60% do mercado de Cannabis sativa L.

No primeiro trimestre de 2022, a Comissão Europeia passa a estabelecer padrões para alimentos de Cânhamo. Uma decisão há muito esperada começa a definir o ambiente regulatório para a indústria de alimentos com CBD e THC, em toda a União Europeia.

E do outro lado do globo, está a China, a maior produtora do mundo de Cânhamo para uso industrial no mundo, indicam fontes governamentais norte-americanas. Sementes, óleos e fibras são os principais geradores de riquezas com essa variedade de planta Cannabis.

Primeiro de uma série de vídeos promocionais do Cânhamo para uso industrial que a Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (ABICANN) está lançando

QUAIS SÃO OS MERCADOS E OS PERFIS DE PRODUTOS QUE PODE SE EXTRAIR DAS SEMENTES, ÓLEOS E FIBRAS DO CÂNHAMO, DISPONÍVEIS NOS PAÍSES PESQUISADOS?

São 21 setores econômicos que podem se beneficiar diretamente das fibras óleos e sementes do Cânhamo. Entre 100 mil e 300 mil empregos podem ser criados, diretamente, para suportar grande apoio para o agronegócio e para as indústrias tais, como:

Farmacêuticas/Produtos de Saúde, Veterinária/Medicamento, Têxtil/Moda, Infraestrutura/Construção, Alimentos e Bebidas, Sustentabilidade/Carbono, Plástico Durável, Papel Ecológico, Agronegócios/Fertilizante Natural e outros.

Na contribuição direta no campo, a Cannabis sativa L. poderá colaborar como cultura de rotação de cultivos agrícolas no Brasil, com alta capacidade para sequestrar carbono, prevenir a erosão do solo, promover a biodiversidade e o cultivo de culturas que precisam de um uso baixo ou inexistente de pesticidas.

Sem contar da alta capacidade que o Cânhamo tem como alternativa para alimentação animal com os rejeitos. Experiências internacionais têm tido sucesso com a utilização das plantas de Cannabis sativa L. para o trato de bovinos, pelo alto valor nutricional de sua biomassa. No caso das abelhas, as inflorescências produzidas são um excelente alimento e aumentam a produtividade de mel.

É POSSÍVEL CULTIVAR CÂNHAMO LEGALMENTE NO BRASIL?

O Cânhamo é cultivado no Brasil por judicialização, pois continua ilegal. Enquanto isso, entidades como a ABICANN se posicionam nas câmaras técnicas do MAPA, dialogando diplomaticamente e apresentando informações sérias e consistentes, com estudos técnicos e análises de impactos econômicos e sociais à população do País, se legalizado e regulado pelo Estado.

Neste momento, 21 setores estão suprimidos do Brasil, por uma legislação desatualizada e necessitando revisão em 2022. A expectativa da ABICANN é de que até 2023 a Cannabis sativa L. esteja legalizada e em fase de regulamentação.

Para a regulação adequada e conectada a um modelo sustentável para o Brasil, faz-se necessário:

1°) Desenvolver o Programa de P,D&I para estimular faculdades, acadêmicos e empresas que realizem parcerias público-privada. Estudos ainda restritivos. Mais de 18 milhões de potenciais pacientes deixam de acessar produtos médicos, produzidos no País;

2°) Regular o Autocultivo, pois continua proibido e impede pacientes e associações de acesso ao cultivo de flores e sementes, para uso terapêutico. Tema tem gerado milhares de ações judiciais, em busca de acesso à Cannabis, para extrair e consumir canabinoides para a saúde. Perigos a longo prazo carecem pesquisas clinicas e científicas;

3°) Ausência de regulações para produção e distribuição de produtos de Cânhamo impedem estrangeiros de fazerem investimentos financeiros em fibras produzidas pela planta no Brasil. Genética, agronegócio, agroindústria e logística podem se beneficiar.

QUAIS PAÍSES JÁ SE MOVIMENTAM PARA LEGALIZAR E/OU REGULAR A CANNABIS?

Pelo menos 90 países dos 195 do mundo estão mudando de posicionamentos, após constatarem os inúmeros benefícios de se cultivar controladamente, retirar da ilegalidade e regular a Cannabis e suas variedades, como é o rico Cânhamo (Cannabis sativa L.).

Atualmente, é possível se ter mais de 50.000 tipos de usos do que vem dessa planta altamente produtiva e ambientalmente correta. Dela, a indústria consegue processar mais de 5.300 tipos de produtos, com capacidade de alimentar mais de 200 perfis de indústrias e gerar milhares de empregos. De roupas, concreto para construção ou medicamentos para humanos e animais à cultura ambientalmente correta, geradora de energia limpa e ricos nutrientes.

Os Estados Unidos estão prestes a retirar a Cannabis da ilegalidade; E já existe uma indústria pulsando por lá, que faturou mais de USD 800 milhões, somente vendendo flores de Cannabis, segundo o National Hemp Report do sérvio norte-americano de serviços estatísticos para a agricultura (NASS), divulgado pelo United States Department of Agriculture (USDA) em fevereiro de 2022.

Israel, Uruguai, Canadá, Suíça, Portugal, França, Austrália e dezenas de outros países em todos os continentes têm regulações e legislações que favoreçam a economia e suas populações. Enquanto isso…

Dos grandes países continentais, apenas o bloco BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) resistem a dialogar amplamente sobre legislações sérias, em benefício da saúde e da qualidade de vida de suas populações.

E QUAIS PRODUTOS PARA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA ESTÃO DISPONÍVEIS NO BRASIL?

São 15 Produtos de Cannabis para saúde que estão chegando nas drogarias, em 2022. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) já autorizou, desde 2021, 5 que são à base de extratos de Cannabis sativa e 10 são fitofármacos de canabidiol. Alguns desses produtos vem do Cânhamo não feminizado, como é o caso da Nunature Labs.

Boa parte é de CBD isolado (somente o canabidiol), servindo para problemas mais leves, como dores, inflamações e qualidade de vida (sono, fome, ansiedade…). E poucos produtos incluem 0,2% de THC (tetrahidrocanabinol), formulações mais utilizadas para uso terapêutico de enfermidades mais graves, tais como Alzheimer, Parkinson e caso mais sérios de pacientes com doenças neuromotoras.

A RDC 327/2019 permite que produtos à base de Cannabis, fabricados por empresas certificadas quanto às Boas Práticas de Fabricação (BPF), que foram totalmente avaliados em relação à sua qualidade e adequabilidade para uso humano, possam ser disponibilizados à população brasileira.

Com essas aprovações da agência sanitárias e com as licenças sanitárias, as empresas que fizeram investimentos, desde o surgimento da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 327/2019, agora podem importar e distribuir para comercializar produtos de Cannabis em farmácias e drogarias no Brasil. A dispensação para pacientes deverá ser feita pelo farmacêutico, por meio da prescrição médica e com receita especial do tipo B (de cor azul).

Confira a lista de produtos de saúde e qualidade de vida, aprovados pela Anvisa nessa categoria, até o momento:

QUAIS OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE E BEM-ESTAR ESTARÃO DISPONÍVEIS NOS PRÓXIMOS ANOS?

Cada combinação de substância fitoquímicas pode gerar efeitos diversos, utilizados em medicamentos muito específicos. CBD, CBG, CBN, CBC, CBDV, THC e outras substâncias são canabinoides, de acordo com relatos clínicos, capazes de gerar: Analgesia; Estímulo ao crescimentos de ossos; Neuro supressora; Anti-inflamatória; Antiepilética; Antiproliferativa; Antibacteriana e mais de 250 outras de usos terapêuticos.

Os mercados de bem-estar, nutricionais e preocupados com populações acima dos 50 anos devem se beneficiar com a entrada de CBD em produtos cosméticos e como suplementação alimentar. Alimentos e bebidas podem se favorecer, apoiando regulações coerentes e investindo em pesquisas científicas.

HÁ PROPOSTA LEGISLATIVA EM BRASÍLIA, PARA LEGALIZAR A CANNABIS?

Projeto de Lei 399/15 é o principal projeto, que será votado na Plenária da Câmara dos Deputados, no primeiro semestre de 2022. Há quem conteste, por ser ano eleitoral majoritário.

Além do PL 399/15, existem diversas iniciativas e movimentos, em defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial no Brasil.

Analistas acionados pela ABICANN indicam que, até 2024, o Cânhamo estará legalizado e regulado no País. Oportunidades para acessar uma indústria inovadora, sustentável e humanizadora.

— Respostas de Thiago Ermano, Diretor-Presidente da ABICANN, em abril de 2022